Neuralgia do trigêmeo

Nevralgia do nervo trigêmeo também conhecida como Neuralgia do trigêmeo, Síndrome da dor facial paroxística, Doença de Fothergill, Prosopalgia dolorosa ou ainda como Tique doloroso é um distúrbio neuropático do nervo trigêmeo que causa episódios de dor intensa nos olhos, lábios, nariz, couro cabeludo, testa e/ou mandíbula.


PREVALÊNCIA

É mais comum em mulheres numa proporção de 3 para cada 2 homens e geralmente os sintomas aparecem após os 40 anos, com a maioria dos novos casos surgindo entre os 60 e 70 anos. Sua incidência anual é de cerca de 4,3 em 100.000 na população geral. A manifestação bilateral ocorre apenas em 3% dos casos. A área mais comum atingida é a maxilar.

SINAIS E SINTOMAS

É uma afecção incomum, caracterizada por ataques recorrentes de dor lancinante e súbita, descrita como um choque doloroso intenso e incapacitante. É conhecida como uma das doenças mais dolorosas do mundo.

Mesmo um toque de leve ou pequenos movimentos já podem ser suficientes para causar uma crise dolorosa, que apesar de geralmente durar apenas alguns segundos pode desencadear outros processos dolorosos mais prolongados. Depois de uma crise a dor e sensibilidade geralmente diminuem um pouco, porém esse período de remissão tendem a ficar cada vez mais curtos conforme a doença progride.

A dor pode ser desencadeada por falar, beber, escovar os dentes, barbear-se, mastigar, tocar levemente no rosto, por certas expressões faciais, reflexos ou até mesmo por um vento mais forte e pode ocorrer diversas vezes ao longo do dia.

Esse diagnóstico é bastante genérico pois pode se referir a várias áreas faciais atingidas diferentes por causas diversas, exigindo assim tratamentos diferentes dependendo de cada caso.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é essencialmente clínico, seguindo os critérios diagnósticos definidos pela IASP (International Association for the Study of Pain) e pela ICHD/IHS (International Classification of Headache Disorders/International Headache Society) são:

  1. Ataques paroxísticos (intensos) de dor com duração de uma fração de segundo a dois minutos, afetando uma ou mais divisões do nervo trigêmeo;
  2. A dor tem pelo menos uma das seguintes características:
  • Intensa, súbita, superficial ou como uma facada.
  • Precipitada por fatores-gatilho ou de áreas-gatilho;
  1. Os ataques são similares aos dos outros pacientes já descritos;
  2. Nenhum distúrbio neurológico é clinicamente evidente;
  3. Não é atribuído a outra doença

FREQUÊNCIA DE ÁREAS ATINGIDAS

Geralmente atinge apenas um lado da face, sendo as áreas afetadas mais comuns:

  • Ramo maxilar (55%)
  • Ramo mandibular (30%)
  • Ramos maxilar e mandibular simultaneamente (20%),
  • Ramos oftálmico e maxilar (10%),
  • Ramo oftálmico (4%)
  • Todos os ramos trigeminais (1%).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Outras causas possíveis da dor crônica na face são:

  • Cefaleia em salvas,
  • Dor dentária,
  • Arterite de células gigantes,
  • Neuralgia de nervo glossofaríngeo,
  • Tumor intracraniano,
  • Enxaqueca/Migrânea,
  • Esclerose múltipla,
  • Otite média,
  • Hemicrania paroxística,
  • Neuralgia pós-herpética,
  • Sinusite,
  • Cefaleia tipo SUNCT (Shortlasting, Unilateral, Neuralgiform pain with Conjunctival injection and Tearing),
  • Síndrome da articulação temporomandibular ou,
  • Outra neuropatia trigeminal.

CAUSAS

Existem diversas possíveis causas, e os mecanismos que levam a esse transtorno ainda não estão totalmente esclarecidos. Dentre as possibilidades mais comuns estão:

  • Compressão intracraniana por vasos sanguíneos periféricos (causa mais frequente),
  • Aumento da pressão arterial,
  • Comprometimento alveolar por uma extração dentária,
  • Esclerose múltipla,
  • Infecção viral,
  • Aneurisma,
  • Tumor,
  • Traumatismo,
  • Intoxicação,
Ou qualquer outro problema que possa danificar um ou mais nervo sensitivo da área em questão.

Frequentemente está associado com quadros escleróticos degenerativos do organismo, porém existem casos que ela ocorre sem nenhuma lesão ser identificada no local.

TRATAMENTO

O tratamento medicamentoso mais utilizado é a base de anticonvulsivantes como a carbamazepina(Tegretol) e/ou difenilhidantoína (Hydantal) ou de narcóticos. O tratamento com carbamazepina pode ser iniciado com uma dose 100 mg/dia com aumento gradual de 100 mg a cada 2-3 dias até atingir o efeito desejado ou chegar ao máximo de 1.600 mg/dia. A quantidade ideal vai depender da tolerância, intensidade dos sintomas e efeitos colaterais. Outros medicamentos com efeitos analgésicos podem ser usados simultaneamente para amenizar a dor.

Existem vários tratamentos cirúrgicos possíveis, dentre eles: a alcoolização, microdescompressão vascular e termocoagulação com radiofrequência. como objetivo seccionar parte das raízes sensitivas do nervo dependendo do local afetado. Procedimentos menos invasivos como eletromioestimulação também podem ser usados. Para saber qual dos tratamentos é o mais eficaz é preciso descobrir antes qual a causa que levou a lesão do nervo trigêmeo e o sucesso também vai depender de como o organismo do paciente reagir à intervenção médica.

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