Doença de Fabry

A doença de Fabry (também conhecida como doença de Anderson-Fabry) é uma doença de depósito lisossômico (DDL), genética e de caráter progressivo causada pela deficiência ou ausência de uma enzima lisossômica, a alfa-galactosidase A.
Muitos pacientes com a doença de Fabry são diagnosticados incorretamente e podem ter consultado diferentes especialistas antes da obtenção de um diagnóstico preciso. Em ambos os sexos decorrem na infância e na adolescência cerca de 12 anos entre o início dos sintomas e o estabelecimento do diagnóstico.
A deficiência de Alfa-galactosidase A nos lisossomos de pacientes com a doença de Fabry resulta no acúmulo progressivo do glicosfingolipido, globotriaosilceramida (Gb3), nas células de muitos sistemas orgânicos, inclusive nas células epiteliais renais tubulares e glomerulares, células miocardiais e fibrócitos valvulares, neurônios dos gânglios da raiz dorsal e no sistema nervoso autônomo, bem como nas células vasculares endoteliais, periteliais e da musculatura lisa. Isto leva a uma ampla gama de sintomas em muitos órgãos, inclusive coração, rins, cérebro e pele, levando muitas vezes a graves manifestações em um ou mais sistemas e finalmente a morte do paciente.
As manifestações clínicas podem ocorrer desde a infância, com uma grande piora no decorrer da vida.
Na ausência de tratamento, a expectativa de vida geralmente é reduzida em 20 anos em pessoas do sexo masculino e em 15 anos nos indivíduos do sexo feminino, com a morte usualmente devido a falência renal, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral.

GENÉTICA E MECANISMOS PATOGÊNICOS

A Doença de Fabry é hereditária e está ligada ao cromossomo X. Ela se dá quando ocorre uma mutação no gene GLA (Xq22.1.) que é responsável pela produção de uma enzima presente nos lisossomos conhecida como Alfa-Galactosidase A (α-Gal A), gerando sua total ausência ou deficiência.
O defeito enzimático leva a um acúmulo sistêmico nos lisossomos dos glicoesfingolipídios principalmente de Globotriaosilceramida (ceramida tri-hexosídeo) em particular no endotélio vascular, o qual resulta em alterações renais, cardíacas, bem como manifestações cerebrovasculares levando inclusive à morte precoce.

EPIDEMIOLOGIA

Apesar da prevalência da doença ser de 1 caso para cada 40.000 indivíduos, alguns serviços clínicos, particularmente os nefrologistas, vem diagnosticando com maior freqüência, dando a impressão de que a doença possa ter uma maior prevalência, sendo possível assim se tratar de uma doença subdiagnosticada.
Devido a estes dados, com o diagnóstico rápido e precoce, torna-se possível a melhora na qualidade de vida do paciente, prevenindo uma falência de órgãos e inclusive uma morte precoce, devido a intervenção terapêutica.
A prevalência estimada da Doença de Fabry é de 1 em 117 mil nascidos vivos e 1 a cada 40 mil homens, o que a torna uma doença rara e muitas vezes negligenciada, visto que o pequeno número de casos no mundo, aliado a dificuldade na elaboração de um tratamento efetivo, são fatores limitantes para o aumento da pesquisa do tratamento/cura.

SINTOMAS

O sintomas começam na infância, mas geralmente não são diagnosticados devido à apresentação muito inespecífica da doença. São típicas a perda da função das glândulas sudoríparas (anidrose), febre recorrente e parâmetros de inflamação no soro aumentados. Transtornos digestivos (flatulência, diarréia) podem ocorrer. Os olhos apresentam quase sempre um embaçamento da córnea. São descritos como manifestações dermatológicas angioqueratomas.
Através da lesão dos nervos periféricos surgem dolorosas parestesias. Por volta dos 20 anos de idade começa a surgir uma proteinúria (perda de proteína na urina) que demonstra a lesão renal cada vez maior. Mais tarde há o comprometimento dos vasos sanguíneos de diversos órgão, que podem levar à morte através de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Um outro problema é a ocorrência de uma insuficiência renal terminal. Sem tratamentos, a expectativa de vida é reduzida pela metade pelas complicações.


DIAGNÓSTICO

A Doença de Fabry por se tratar de um distúrbio raro tem-se pouco conhecimento das manifestações e de sua evolução clínica. Os casos não diagnosticados, ou tardiamente diagnosticados, acarretam a uma condução clínica errônea com uma evolução até mesmo fatal.
Muitos pacientes com a doença de Fabry são diagnosticados incorretamente e podem ter consultado diferentes especialistas antes da obtenção de um diagnóstico preciso. Em ambos os sexos decorrem cerca de 12 anos entre o início dos sintomas e o estabelecimento do diagnóstico.

PROGNÓSTICO

A doença de Fabry é de natureza progressiva. Além disso, a apresentação clínica é heterogênea, com o histórico natural da doença variando significativamente entre os pacientes.
O principal tratamento é a terapia de reposição enzimática, onde repõem-se as enzimas alfa-galactosidade A e beta-galactosidade A a cada 15 dias através de uma intravenosa. Outras formas de tratamento são os transplantes de rins e fígado.
Estão em pesquisas duas formas de tratamento: as chaperonas e a terapia gênica que se mostram promissoras formas de tratamento para a doença.
Na ausência de tratamento, a expectativa de vida geralmente é reduzida em 20 anos em pessoas do sexo masculino e em 15 anos nos indivíduos do sexo feminino, com a morte usualmente devido a falência renal, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral.


HISTÓRIA

Os primeiros pacientes com doença de Fabry foram descritos em 1898 pelo dermatologista alemão, Johannes Fabry e o dermatologista inglês William Anderson, de forma independente.

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