Glomerulonefrite

Glomerulonefrites ou glomerulopatias são afecções que acometem o glomérulo, estruturas microscópicas do rim formadas por um emaranhado de capilares e que é a principal estrutura renal responsável pela filtração do sangue.

classificação


Histologicamente, são classificadas em várias entidades, uma vez que a glomerulonefrite pode ter diversas apresentações clínicas. Raramente essas patologias evoluem para insuficiência renal terminal em questão de semanas, geralmente sua evolução é mais lenta e pode demorar meses ou até anos. Quando ocorre piora da função renal em poucas semanas, elas são classificadas como glomerulonefrites rapidamente progressivas, independentemente do tipo histológico.

Glomerulopatias primárias

  • Glomerulonefrite difusa aguda (GNDA)
  • Pós-estreptocócica
  • Não pós-estreptocócica
  • Glomerulonefrite membranosa (GNM)
  • Glomerulonefrite por lesões mínimas (GNLM)
  • Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF)
  • Glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP)
  • Nefropatia por IgA (NIgA)
  • Síndrome de Alport (Hereditária)
  • Doença de Fabry (Hereditária)

Glomerulopatias secundárias (causadas por outras doenças)

  • Glomerulonefrite lúpica
  • Nefropatia diabética
  • Amiloidose
  • Síndrome de Goodpasture
  • Poliarterite nodosa
  • Granulomatose de Wegener
  • Púrpura de Henoch-Schönlein
  • Endocardite bacteriana

causas

Dentre as possíveis doenças que podem causar ou aumentar o risco de glomerulonefrite estão:

Infecções:
Pós-infecções por estreptococo
Infecções virais (como hepatite B e C)
Endocardite bacteriana
Doenças vasculares:
Vasculite
Poliarterite
Púrpura de Henoch-Schönlein (vasculite alérgica)
Doenças autoimunes:
Síndrome de Goodpasture
Nefropatia por IgA
Nefrite lúpica
Doença do anticorpo anti-membrana basal glomerular
Outras:
Amiloidose
Glomeruloesclerose segmentar e focal

Fatores de risco

Hipertensão arterial
Exposição a solventes de hidrocarbonetos
Uso frequente de analgésicos e anti-inflamatórios, especialmente os não-esteroides
Diabetes mellitus (mal controle da glicemia)
Histórico de câncer


histologia

Considerando todos os glomérulos presentes no tecido renal temos os seguintes termos:

Lesão generalizada: todos os glomérulos do rim estão acometidos.
Lesão focal: apenas alguns glomérulos estão acometidos.
Considerando apenas um glomérulo temos:

Lesão segmentar: ocorre quando parte ou segmento do glomérulo está acometido.
Lesão difusa (global): todo o tufo capilar de um glomérulo está lesado.


sinais e sintomas

As conseqüências da agressão glomerular são:

  • Proteinúria, uma urina com espuma (perda de proteínas na urina),
  • Hematúria, uma urina rosada ou marrom escuro (perda de sangue na urina),
  • Edema nos pés, pernas, abdômen e rosto, esse inchaço é causado por desequilíbrio hidroeletrolítico,
  • Hipertensão arterial (pressão sanguínea alta),
  • Fatiga (cansaço).

Complicações

Dependendo da intensidade e do tipo da agressão, pode haver predomínio de um sinal sobre outro, dando origem a diferentes apresentações clínicas:

  • Síndrome nefrítica é definida como o aparecimento de edema, hipertensão arterial e hematúria (geralmente macroscópica).
  • Síndrome nefrótica é caracterizada por proteinúria de 24 horas maior que 3,5 gramas em adultos ou 50 mg/kg em crianças, edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia.
  • Não-nefrítica e não-nefrótica são aqueles casos que não se encaixam nas classificações descritas anteriormente.
Sintomas de insuficiência renal incluem
  • Falta de apetite
  • Náuseas e vômitos
  • Cansaço (fadiga)
  • Dificuldade para dormir
  • Pele seca e coceira
  • Cãibras noturnas

epidemiologia

Em estudo brasileiro com biópsia renal de pacientes com glomerulopatias 41% apresentavam síndrome nefrótica e 35% apresentavam glomerulonefrite rapidamente progressiva. Entre as glomerulopatias primárias, as mais comuns foram glomeruloesclerose segmentar e focal (26,9%) e nefropatia por IgA (25%). Entre as secundárias a nefrite lúpica (50%) e a glomerulonefrite proliferativa exsudativa difusa (34,2%). Dois terços necessitaram imunossupressores e quase um terço necessitou de diálise durante a internação. Desse grupo, 10,6% dos pacientes faleceram.


tratamento

O tipo de tratamento depende da causa, da intensidade, da cronicidade e das complicações:

  • Quando há hipertensão são usados diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II. A dieta deve ser baixa em sódio, evitando sal de cozinha e refrigerantes. Para aumentar as chances de sobrevivência também é recomendado parar de fumar.
  • Em caso de infecção bacteriana o tratamento é com antibióticos e também se concentra em aliviar os sinais e sintomas típicos.
  • Em caso de doença autoimune os médicos prescrevem frequentemente corticosteróides e um imunossupressoras para controlar a inflamação. Suplementos de óleo de peixe também podem ser usado.
  • No caso de Síndrome de Goodpasture a plasmaferese para remoção de anticorpos do plasma é o mais recomendado.
  • Em casos de insuficiência renal podem ser necessárias sessões de diálises e transplante de rim.
  • Em caso de diabetes é essencial manter a glicemia sob controle e manter um peso saudável.

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