Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

A DPOC é uma doença crônica intimamente ligada ao tabagismo, que pode se agravar sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a DPOC será a terceira principal causa de morte em 2020.

É comum as pessoas acharem que a DPOC é uma doença de pessoas idosas e, por isso, não se preocuparem com ela. Na verdade, a doença atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos, podendo inclusive ser identificada em pessoas mais jovens.

Os pacientes com DPOC grave têm falta de ar com a maioria das atividades e são internados no hospital com muita frequência. Ente as possíveis complicações da doença estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) refere-se a um grupo de doenças pulmonares que bloqueiam o fluxo de ar, tornando a respiração difícil. Só no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas sofrem com o problema. É uma doença lenta, que frequentemente se inicia com discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas. No entanto, com o passar do tempo, a falta de ar (dispneia) se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras.

Existem duas formas principais de DPOC. A maioria das pessoas com DPOC tem uma combinação dessas condições:


  • Bronquite crônica, que envolve tosse prolongada com muco
  • Enfisema, que envolve a destruição dos pulmões ao longo do tempo.

CAUSAS


Quando você respira, entra ar nos seus pulmões através de dois grandes tubos, chamados brônquios. Dentro de seus pulmões, estes tubos criam diversas ramificações, como uma árvore, que terminam em aglomerados de pequenos sacos de ar (alvéolos). Os sacos de ar têm paredes muito finas cheias de pequenos vasos sanguíneos, chamados capilares. O oxigênio do ar que você inala passa para estes vasos sanguíneos e entra na corrente sanguínea. Ao mesmo tempo, o dióxido de carbono - um gás que é um produzido durante esse processo - é exalado.

Seus pulmões contam com a elasticidade natural dos brônquios e sacos aéreos para forçar o ar para fora do seu corpo - por isso seu peito infla na inspiração e desincha da expiração. A DPOC faz com que eles percam essa elasticidade, o que deixa um pouco de ar preso em seus pulmões quando você expira.

OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

O enfisema, parte do quadro de DPOC, provoca a destruição das paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. Isso ocasiona um pequeno colapso das vias aéreas quando você expira, prejudicando o fluxo de ar para fora de seus pulmões. Já a bronquite crônica deixa os brônquios inflamados, e por isso eles passam a produzir mais muco. Isso pode bloquear as ramificações mais estreitas, causando a dificuldade na respiração. Além disso, seu organismo desenvolve a tosse crônica, na tentativa de limpar suas vias respiratórias.

FATORES DE RISCO

TABAGISMO

O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC, causando cerca de 85% dos casos da doença. Isso porque a fumaça inalada leva a inflamação pulmonar, causando a obstrução dos brônquios e a destruição dos alvéolos (enfisema), responsáveis pelas trocas gasosas. Se a pessoa parar de fumar antes de apresentar perda da função pulmonar, é possível que não venha a apresentar os sintomas da doença. Caso já tenha desenvolvido a DPOC, a doença poderá não progredir com a retirada do cigarro e o tratamento correto. Quanto ao tabagismo passivo, não se sabe ainda se ele causa DPOC, porém os fumantes passivos têm mais tosse e secreção pulmonar.

Pessoas com asma ou outras doenças respiratórias têm mais chances de desenvolver a DPOC caso sejam fumantes.

EXPOSIÇÃO A GASES

Pessoas que nunca fumaram, mas estiveram expostas a substâncias tóxicas, poluição, gases ou fumaça também podem desenvolver a doença, devido à resposta inflamatória dos pulmões à longa exposição desses poluentes.

DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA

Em cerca de 1% das pessoas com DPOC, a doença resulta de uma perturbação genética que causa os baixos níveis de uma proteína chamada alfa-1-antitripsina (AAT). Ela é produzida no fígado e secretada na circulação sanguínea para ajudar a proteger os pulmões. A deficiência de alfa-1-antitripsina podem causar danos no fígado, bem como os pulmões. Para aqueles com DPOC relacionada com a deficiência de AAT, as opções de tratamento são as mesmas que para as pessoas com tipos mais comuns de DPOC. Algumas pessoas podem ser tratadas através da substituição da proteína AAT deficiente, o que pode evitar mais danos aos pulmões.

IDADE

A DPOC se desenvolve lentamente ao longo dos anos, por isso a maioria das pessoas tem entre 35 a 40 anos quando os sintomas começam.

SINTOMAS

Durante as fases iniciais, o comprometimento da função pulmonar pode ser assintomático, dificultando seu diagnóstico. Os primeiros sintomas são tosse e catarro, mas as pessoas não procuram um médico nessa situação, pois acham que são consequências somente do cigarro (pigarro do fumante). Quando surge a falta de ar ou cansaço a doença pode estar em fase mais avançada.

Outros sintomas de DPOC incluem:

  • Falta de ar, especialmente durante as atividades físicas
  • Chiado no peito
  • Aperto no peito
  • Ter que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco nos pulmões
  • Tosse crônica que produz expectoração. O muco pode ser claro, branco, amarelo ou esverdeado
  • Lábios ou camas de unha azulados (cianose)
  • Infecções respiratórias frequentes
  • Falta de energia
  • Perda de peso não intencional (em fases mais avançadas).

DIAGNÓSTICO

Porém, o diagnóstico na fase inicial da doença é extremamente importante para impedir seu avanço e o comprometimento maior das funções pulmonares, além de garantir a maior eficácia do tratamento. Estudos revelam que a deterioração da doença é mais rápida nas fases iniciais - assim sendo, a intervenção precoce se faz ainda mais importante e necessária. No entanto, a maioria dos doentes é diagnosticada já numa fase moderada ou grave, depois de um primeiro episódio de agravamento da doença ou quando surgem queixas de cansaço fácil e de dificuldade respiratória.

O diagnóstico da DPOC é feito baseado as alterações identificadas no exame físico, aliado às alterações referidas pelo paciente. O diagnóstico deve ser confirmado por alguns exames:

ESPIROMETRIA

A espirometria ou prova de função pulmonar é um exame que avaliamos os volumes e fluxos de ar que entram e saem do pulmão. Utiliza-se um aparelho no qual a pessoa assopra em um bocal, chamado espirômetro, e avalia-se o fluxo e a quantidade de ar que sai dos pulmões. Se o resultado indicar alguma alteração, outros exames serão necessários para confirmar um diagnóstico de DPOC.

GASOMETRIA ARTERIAL

A gasometria arterial mede o pH e os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue de uma artéria. Esse exame é utilizado para verificar se os seus pulmões são capazes de mover o oxigênio dos brônquios para o sangue e remover o dióxido de carbono do sangue.

EXAMES DE IMAGEM

A radiografia de tórax pode mostrar enfisema, uma das principais causas da DPOC. Um raio-X também pode descartar outros problemas pulmonares ou insuficiência cardíaca, confirmando o diagnóstico de DPOC. A tomografia computadorizada dos pulmões pode ajudar a detectar enfisema e a determinar se você pode se beneficiar de uma cirurgia para a DPOC. Tomografia computadorizada também pode ser usada para detectar o câncer de pulmão, que é comum entre pessoas com DPOC.

TRATAMENTO

Um diagnóstico de DPOC não é o fim do mundo. Para todos os estágios da doença, o tratamento eficaz está disponível, que pode controlar os sintomas, reduzir o risco de complicações e exacerbações e melhorar a sua capacidade de levar uma vida ativa. Confira as principais modalidades de tratamento:

CESSAR O TABAGISMO

O passo mais importante em qualquer plano de tratamento para a DPOC é parar de fumar. É a única maneira de evitar que a DPOC se agrave. Mas parar de fumar não é fácil. E essa tarefa pode parecer particularmente difícil se você já tentou parar de fumar e não obteve sucesso. Converse com seu médico sobre os produtos de reposição de nicotina e medicamentos que podem ajudar, assim como a forma de lidar com as recaídas. Também é uma boa ideia para evitar exposição ao fumo passivo, sempre que possível.

BRONCODILATADORES

Esses medicamentos - que geralmente vêm em um inalador - relaxam os músculos em torno de suas vias aéreas. Isso pode ajudar a aliviar a tosse e falta de ar e facilitar a respiração. Há broncodilatadores de curta duração (de quatro a seis horas de ação) e de longa duração (de 12 a 24 horas de ação), mas nenhum desses é um tratamento preventivo, devendo ser associado a outros medicamentos. Dependendo da gravidade da sua doença, você pode precisar de um broncodilatador de curta ação antes das atividades, um broncodilatador de longa duração que você usa todos os dias ou de ambos.

Os broncodilatadores podem ser ministrados por meio de nebulizadores, nebulímetros (sprays ou "bombinhas"), turbohaler (um tipo de "bombinha" que se inala um pó seco), rotadisks (uma "bombinha" com formato de disco que se inala um pó seco).

CORTICOESTERÓIDES INALADOS

Essa classe de medicamentos inclui fluticasona, budesonida, mometasona, ciclesonida, flunisolide, beclometasona e outros. As inalações são feitas com inaladores portáteis, por meio de sprays ou em forma de pó. O tempo de ação pode ser de quatro, 12 ou 24 horas, e o espaço entre as inalações varia conforme esse intervalo. Esses medicamentos são úteis para as pessoas com exacerbações frequentes da DPOC. Ao contrário dos corticosteroides orais, que passam primeiro pela corrente sanguínea para então atingir seu alvo, os corticosteroides inalados têm um risco relativamente baixo de efeitos colaterais e são geralmente seguros para uso contínuo. Você pode precisar usar esses medicamentos durante vários dias ou semanas antes que eles atinjam o seu máximo benefício.

OUTROS MEDICAMENTOS

  • Inaladores de combinação: são medicamentos que combinam broncodilatadores e corticosteroides inalados, geralmente indicados para pacientes que necessitam de ambos os tratamentos. São indicados para controlar a falta de ar em pessoas com DPOC ou asma
  • Corticosteroides orais: para as pessoas que têm uma exacerbação aguda moderada ou grave, esses medicamentos evitam agravamento da DPOC. No entanto, eles podem ter efeitos secundários graves, tais como ganho de peso, diabetes, osteoporose, cataratas e um risco aumentado de infecção
  • Teofilina: medicamento que ajuda a melhorar a respiração e previne exacerbações. A teofilina funciona principalmente como broncodilatador, mas possui efeito anti-inflamatório, sendo também associada aos corticoides. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, batimentos cardíacos acelerados e tremor
  • Antibióticos: infecções respiratórias como bronquite aguda, pneumonia e influenza podem agravar os sintomas da DPOC. Os antibióticos ajudam a combater as crises agudas
  • Inibidores de fosfodiesterase-4: é um anti-inflamatório para combater a inflamação nos pulmões e brônquios, além de reduzir o número de crises ou exacerbações. Ele deve ser sempre complementar aos broncodilatadores e nunca deve ser usado de forma isolada. A administração é oral.

TERAPIAS

Os médicos costumam usar esses tratamentos adicionais para pessoas com DPOC moderada ou grave:

  • A terapia com oxigênio: Se não há oxigênio suficiente no sangue, você pode precisar de oxigênio suplementar. Existem vários dispositivos para fornecer oxigênio para os pulmões, incluindo unidades portáteis leves que você pode levar para qualquer lugar. Algumas pessoas com DPOC usam oxigênio apenas durante as atividades ou durante o sono. Outros usam oxigênio o tempo todo. A terapia com oxigênio pode melhorar a qualidade de vida e é a única terapia de DPOC que comprovadamente prolonga a vida do paciente. Converse com seu médico sobre suas necessidades e opções
  • Programa de reabilitação pulmonar: esses programas normalmente combinam treinamento físico, aconselhamento nutricional e aconselhamento sobre a doença. Você vai trabalhar com uma variedade de especialistas, que podem adaptar o programa de reabilitação para atender às suas necessidades. A reabilitação pulmonar pode reduzir as hospitalizações, aumentar a sua capacidade de participar em atividades diárias e melhorar a sua qualidade de vida. Converse com seu médico sobre o encaminhamento a um programa.

CIRURGIA

A cirurgia é uma opção para pessoas com alguns tipos de enfisema grave que não são tratados suficientemente por medicamentos:

  • Cirurgia de redução dos volumes pulmonares: nesse procedimento, o cirurgião faz a ressecção e remove pequenas fatias de tecido pulmonar danificado, que não estão mais funcionando. Isso permite que as áreas restantes possam se expandir e realizar suas funções com maior qualidade
  • Transplante pulmonar: o transplante de pulmão pode ser uma opção para pacientes em estágio avançado da doença que não obtiveram pleno sucesso com outros tratamentos e possuem uma expectativa de vida baixa. Outros critérios mais específicos, como volumes pulmonares comprometidos, também podem ser levados em conta. O transplante pode melhorar a capacidade do paciente de respirar e de ser ativo, mas é uma grande operação que tem riscos significativos, tais como a rejeição de órgãos.

MEDICAMENTOS PARA DPOC

Os medicamentos mais usados para o tratamento de DPOC são:

  • Aires
  • Alenia
  • Ares
  • Atrovent
  • Bamifix
  • Brometo de Ipratrópio
  • Bromidrato de Fenoterol
  • Berotec
  • Bisolvon
  • Brondilat
  • Carbocisteína
  • Flixotide
  • Fluitoss
  • Foraseq
  • Franol
  • Ipratropio
  • Leucogen
  • Prednisona
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

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