Transtorno de ruminação

Transtorno de ruminação (do latim ruminare), ou Mericismo é um distúrbio alimentar caracterizado pela regurgitação(retorno do alimento digerido à boca) frequente, sem esforço nem dor, involuntariamente, devido à contração involuntária dos músculos do abdômen. Não há náusea, queimação, azia, gosto ruim ou dor abdominal associada a essa regurgitação, como ocorre com os vômitos. A comida retorna pouco digerida, menos de uma hora depois de comer, sem gosto ácido, tipicamente todos os dias. Em alguns casos ocorre após todas as refeiçoes.


Historicamente, o distúrbio foi documentado apenas em bebês, crianças pequenas e pessoas com retraso cognitivo (a prevalência é de até 10% em pacientes institucionalizados com compromisso intelectual). Hoje está sendo diagnosticado cada vez mais em adolescentes e adultos saudáveis, embora ainda haja uma grande falta de conscientização da condição por profissionais de saúde, portadores e do público em geral.

CAUSAS

A ruminação é normal em crianças com menos de 1 ano e normalmente desaparece com a idade, porém em algumas crianças a ruminação nunca desaparece. Esse diagnóstico só pode ser feito após os 3 anos de idade. Em adolescentes e adultos, geralmente começa entre os 10 e 20 anos, e pode ser causado por traumas emocionais, piorando em períodos estressantes, ou por traumas físicos, em pessoas que vomitam muito ou introduzem objetos na garganta (mágico, engolidor de espada, por Pica...).

SINAIS E SINTOMAS

As regurgitações frequentes causam:

  • Mau hálito (frequente)
  • Perda de peso (42,2%)
  • Úlcera gastroesofágica (38,1%)
  • Constipação (21,1%) ou Diarreia (8,2%)
  • Náuseas (17,0%)
  • Distensão abdominal/Plenitude (4,1%)
  • Cáries (3,4%)

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

O diagnóstico é essencialmente clínico e pode ser confirmado com imagens, como endoscopia ou radiografia com contraste. Para o diagnóstico desse transtorno, primeiro deve-se excluir outros transtornos que causam retorno de alimentos a boca como:

  • Refluxo gastroesofágico, causa retorno doloroso, com intensa queimação por ácido, da comida digerida.
  • Bulimia ou anorexia com vômito provocado para perder peso;
  • Aerofagia (engolir ar), associada a retraso intelectual, comer rápido, fumar, mascar e ao consumo de refrigerantes.
  • Gastroparesia, quando a digestão é muito lenta.
  • Acalasia, quando o esôfago não relaxa ao engolir.
Frequentemente o transtorno é percebido por psicólogos (em pacientes com algum transtorno mental), nutricionistas (que percebem a perda de peso) ou dentistas (que percebem a corrosão dos dentes), mas ainda é amplamente ignorado pela comunidade médica que geralmente não a diferencia do refluxo gastroesofágico, que é doloroso, ácido e menos vezes ao dia.

TRATAMENTO

A respiração diafragmática e relaxamento do abdômen após as refeiçoes previne a regurgitação. Se a ruminação frequente danifica o esôfago, podem ser prescritos inibidores da bomba de prótons como pantoprazol ou omeprazol para reduzir a acidez do estômago. Psicólogos ensinam as técnicas de relaxamento, respiração e biofeedback como parte da terapia comportamental a pacientes com transtorno cognitivo, pode demorar meses antes que o paciente aprenda. Esses medicamentos podem proteger o revestimento do esôfago prevenindo o adenocarcinoma de esôfago até que a terapia comportamental reduza a freqüência e gravidade da regurgitação.

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