Timidez e Ansiedade Social

Timidez é um complexo de característica psíquicas, manifestas principalmente durante as relações sociais e interpessoais. Trata-se de uma variação muito comum, com intensidades diferentes, podendo acometer até 40% da população e de início geralmente na infância.


A timidez é entendida como uma disfunção no sistema de regulação social. Todo mundo apresenta mecanismos de regulação do comportamento, para que não ocorram excessos e falhas devido a extroversão exagerada, principalmente em situações específicas.

No tímido, esses mecanismos de proteção estão exageradamente expressos. Existe uma introspecção intensa, uma autocobrança excessiva, uma preocupação elevada a cerca da performance social, levando a mudanças comportamentais como esquiva, baixa autoestima, isolamento e todo o impacto dessas alterações na qualidade de vida.

Para uma pessoa tímida, uma situação cotidiana pode ser um grande martírio, a dificuldade de expressar as emoções e a o medo do julgamento externo gera uma cadeia de sintomas de ansiedade eu reforçam o sofrimento na interação:


  • Taquicardia
  • Rubor facial
  • Sudorese
  • Tremor
  • Angústia

A percepção desses sintomas pode comprometer ainda mais a performance, trazendo brancos, lapsos e gagueira, etc. O limiar de ansiedade é variável caso a caso, mais são frequentes sensações angustiantes a associadas a:


  • Falar em Publico
  • Encarar Câmeras
  • Falar com Estranhos
  • Frequentar Festas
  • Gerenciar encontros amorosos

Em casos mais graves, até mesmo falar com conhecidos, falar ao telefone ou trabalhar em grupo já podem ser situações constrangedoras.

ALTERAÇÕES NA MOVIMENTAÇÃO CORPORAL

A própria movimentação corporal pode estar alterada na timidez, é comum a esquiva do “olho no olho”, cabeça mais baixa e membros escolhidos. Essa postura peculiar é um mecanismo involuntário de proteção, que demonstra claramente a recusa e inabilidade da interação social. Não raro também percebemos movimentos e maneirismos, como tiques que demonstram a ansiedade na obrigação de interagir, sendo comuns: roer unhas, estralar os dedos, chacoalhar as pernas, etc.

A timidez pode se comportar como um distúrbio crônico e progressivo. Isso porque a exposição leva ao desconforto, que reforça a experiência negativa e leva a mais tensão antecipatória da próxima exposição.

A esquiva da situação limite leva a piora da autoestima e frustração, levando a mais introspecção, menos valia e até a casos de isolamento e depressão.

Não é raro a evolução para outras formas de ansiedade, fobias e mesmo uso abusivo de substâncias, como o álcool, que pode ser usado como um antídoto parcial e perigoso da timidez.

CAUSAS DA TIMIDEZ E ANSIEDADE SOCIAL

Muito se discute sobre as causas da timidez e da ansiedade social. Existem fatores genéticos, sem dúvida, mas um grande e importante componente ambiental. A criação dos pais, o tipo de rigor e crítica nas relações interpessoais, a ocorrência de situações conflitantes, segregações e perseguições na escola, etc. A vivência estressante pode criar um ambiente emocional de esquiva e proteção, limitando o rendimento social.

A timidez é fruto de perturbação da auto-imagem, grau elevado de cobrança social, autorreferência e ansiedade.

QUAL O LIMITE DA NORMALIDADE?

O limite da doença é impreciso. Sempre que ocorre impacto na qualidade de vida e limitação no desenvolvimento individual, ficamos mais propensos a iniciar uma abordagem. Uma pessoa tímida que tem amigos, consegue se relacionar bem com o sexo oposto, conduz bem uma entrevista de emprego e se desenvolve, provavelmente não está doente, mas sim tem um traço de personalidade específico e mais introspectivo. Agora, pessoas que apresentam sintomas intensos em situações cotidianas, que se privam de interações de risco, que demoram muito para se adaptar a momentos fora da rotina e que não desenvolvem adequados laços afetivos.

INTERVENÇÃO

A timidez patológica deve ser reconhecida preferencialmente na infância, aonde as intervenções psicoterápicas e eventualmente farmacológicas possam produzir experiências de interação sociais POSITIVAS, minimizando o impacto na adolescência e vida adulta.

O tratamento dos casos intensos pode ser feito com medicamentos e com terapia, principalmente a terapia cognitivo comportamental. O tratamento visa melhorar a autoestima, a tolerância com erros cotidianos nas interações sociais, redução da auto cobrança e conquista progressiva da capacidade de adaptação às situações sociais mais complicadas, como o acesso a pessoa estranhas, festas, interação com sexo oposto, discurso em público, etc. O tratamento deve ser abrangente e individualizado. A exposição deve ser guiada por mudança no pensamento e postura e os desafios devem ser vencidos de forma crescente.

A falta de tratamento em casos graves pode levar a complicações como abuso de substâncias, isolamento progressivo, formas graves de ansiedade, depressão e fracasso escolar/profissional.

DICAS PARA SUPERAR A TIMIDEZ

  1. Prestar atenção no contexto e nas pessoas, tirando o foco excessivo em si.
  2. Valorizar o lado positivo das interações, não apenas o que deu errado.
  3. Reduzir a auto cobrança.
  4. Utilizar o bom humor.
  5. Cuidar da expressão corporal, buscando elevar a cabeça e olhar nos olhos.
  6. Trabalhar a ansiedade (respiração, pensamentos otimistas, relaxamento, etc) e exposição com dificuldades crescentes.
  7. Aproximar-se das artes e outras formas de expressão emocional.
  8. Reduzir o peso das interações humanas, valorizar o conteúdo objetivo.
  9. Trabalhe sua autoestima.
  10. Procurar ajuda especializada em casos mais graves.

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